domingo, 1 de julho de 2012

Cidade vira as costas aos deficientes
Além da falta de acessibilidade em locais privados e públicas, empresas não estão treinadas para lidar com portadores de deficiência


Eles trabalham, têm renda própria e adquirem produtos e serviços como qualquer outro consumidor. Mas não encontram o espaço adequado ou a acessibilidade necessária nos estabelecimentos comerciais, bancários e órgãos públicos em Cuiabá. A estimativa é que esse grupo represente 10% do total de consumidores brasileiros. 

Na capital, que será subsede da Copa do Mundo de 2014, os problemas enfrentados pelos deficientes são inúmeros. Um exemplo é a falta de caixas-eletrônicos mais baixos para atender os cadeirantes. O mesmo ocorre em relação aos balcões de informação. 

Também faltam, conforme o Sindicato dos Bancários de Mato Grosso (SEEB/MT), equipamentos que disponibilizam leitura em braile para atender o deficiente visual, além de rampas com sinalização direcional. 

As empresas também não estão preparadas para atender os deficientes. Usuário de cadeira de rodas, Francisco Ezídio dos Santos Filho diz que sempre vai a um supermercado na companhia de outra pessoa. “As prateleiras são altas e não tem ninguém para ajudar”, comenta. 

Nos shoppings, rodoviária e aeroporto, as barreiras encontram-se nos banheiros. “Geralmente, tem o banheiro adaptado, mas colocam o corrimão longe do vaso. Na rodoviária, por exemplo, só tem banheiro adaptado se pagar. No público, não tem”, afirmou. “Hoje, em dia todo mundo trabalha, gasta e passeia”, acrescentou. 

Para ele, porém, os problemas começam nas vias públicas. “As dificuldades de locomoção são grandes. Tempo atrás arrumaram as rampas, mas os degraus ficaram mais altos do que o ideal”, disse. “E mesmo com rampas, as calçadas são muito inacessíveis. Têm muitos desníveis, buracos, quando não são os postes que atrapalham”, disse. 

Já Raquel Maria de Arruda, 40 anos, e Glady Ibane Royas, 41, reclamam da falta de vagas nos estacionamentos públicos e privados, que muitas vezes são ocupadas por pessoas não portadoras de deficiência. 

“Solicitamos ao Conselho Municipal de Transportes informações sobre quantas vagas são destinadas para deficientes na capital porque, quando a gente precisa, estão sempre ocupadas”, comentou Raquel de Arruda, que faz parte da Associação Mato-grossense de Deficientes (AMDE), que conta com cerca de 6 mil associados. 

Para Glady Royas, é necessário aumentar o percentual de reserva. Ela cita, por exemplo, o caso da rua 13 de Junho, no centro da cidade. No local, conforme ela, a única vaga fica nas proximidades da Igreja Presbiteriana. “Toda vez tem sempre um veículo no local e sem credencial, inclusive, de carga e descarga”, afirmou. 

A legislação determina a reserva de 2% do total de vagas regulamentadas de estacionamento para veículos que transportem pessoas portadoras de deficiência física ou visual, desde que devidamente identificados. Os veículos devem exibir a credencial sobre o painel, ou em local visível para efeito de fiscalização. 


Fonte:Diário de Cuiabá

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